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Construções “Net-Zero Energy”: o que são e por que estão ganhando espaço no Brasil

09 de December

4 min. de leitura

Construções “Net-Zero Energy”: o que são e por que estão ganhando espaço no Brasil

O conceito de Net-zero Energy tem ganhado relevância no Brasil, impulsionado pela crescente conscientização sobre mudanças climáticas, pela ampliação dos investimentos em Green Buildings e pelo avanço das certificações ambientais. Mas, antes de avaliar oportunidades ou aplicar estratégias, é essencial compreender com precisão o que realmente caracteriza uma construção net-zero e como esse balanço energético é definido.


O que significa, de fato, uma construção Net-zero Energy?

De forma simplificada, muitos definem uma edificação net-zero energy como aquela cujo balanço anual entre energia consumida e energia produzida é igual ou inferior a zero. Porém, essa explicação ignora nuances importantes que fazem diferença na prática — especialmente em projetos que buscam certificações.

O primeiro ponto fundamental é entender o conceito de energia. Em uma edificação, energia não se limita à eletricidade. Inclui também gás, biomassa, combustíveis fósseis (como diesel, ainda utilizado em geradores no Brasil) e qualquer outra fonte necessária para operação. Portanto, o balanço energético de um projeto net-zero deve considerar todas as fontes utilizadas no ciclo operacional, e não apenas a produção e o consumo elétrico.


Energia local x energia primária: qual a diferença?

Outro aspecto essencial para compreender o conceito é diferenciar dois tipos de energia usados em análises de eficiência:

Energia local (site energy)

É a energia entregue diretamente no lote — ou seja, aquilo que passa pelo medidor de luz, somado a outras fontes como gás encanado ou GLP. É o valor que o usuário efetivamente “vê” e consome.

Energia primária (source energy)

Inclui toda a cadeia de geração, transporte e distribuição da energia, considerando também perdas e eficiência dos sistemas da rede.
Para calculá-la, multiplica-se a energia local pelo fator de energia primária ou adicionam-se as perdas associadas à geração e distribuição.

Ambos os indicadores costumam ser expressos em kWh/m² por ano, mas resultam em valores diferentes — algo que influencia diretamente a classificação de um projeto como net-zero.


A evolução do conceito: de nZEB para NZEB

A partir de 2012, a União Europeia começou a implementar diretrizes rígidas para reduzir o consumo energético das edificações e promover alto desempenho. Nesse contexto surgiram os nZEBs (nearly-zero energy buildings) — construções altamente eficientes que combinam:

  • soluções passivas (como ventilação natural e iluminação eficiente),

  • redução significativa da demanda energética,

  • e geração de energia renovável integrada ao lote.

A Diretiva Europeia de Desempenho Energético dos Edifícios (EPBD) determinou que todas as novas construções, a partir de 2021, fossem classificadas como nearly-zero.
Com o amadurecimento das políticas e tecnologias, esse conceito evoluiu para os atuais NZEBs (net-zero energy buildings), mais abrangentes e exigentes.

Na Europa, considera-se net-zero o edifício que zera a energia primária total, incluindo perdas da rede — uma abordagem mais completa e rigorosa.


Certificações e diferentes abordagens do Net-zero Energy

O conceito varia de acordo com a referência ou certificação utilizada. Alguns exemplos:

LEED Zero Energy (USGBC)

Exige que o projeto compense a energia local e primária por meio de:

  • geração renovável no próprio lote,

  • compra de energia renovável,

  • ou aquisição de créditos de carbono certificados.

GBC Brasil Net Zero

Adota uma abordagem voltada ao balanço de energia local (site energy), focando no desempenho da edificação e na energia entregue ao terreno.

Essas diferenças tornam essencial compreender qual metodologia está sendo aplicada em cada caso, sobretudo em projetos que pretendem buscar certificação ambiental.


A economia importa: eficiência antes da compensação

Embora edificações net-zero possam gerar economias significativas nos custos de operação, o caminho até esse objetivo deve ser cuidadosamente planejado.
Buscar o net-zero sem reduzir previamente a demanda energética pode exigir sistemas de geração renovável muito maiores — e, portanto, mais caros — reduzindo o potencial de retorno do investimento.

Por isso, o caminho mais eficiente sempre envolve:

  1. Projeto arquitetônico eficiente (soluções passivas desde a concepção);

  2. Sistemas de climatização e iluminação de alto desempenho;

  3. Envoltória otimizada;

  4. Automação e gerenciamento de energia;

  5. Somente após isso, compensação energética ou geração renovável.


Conclusão: comunicar com clareza e projetar com responsabilidade

Independentemente da norma ou certificação adotada, o essencial é comunicar de forma clara qual definição de “net-zero energy” está sendo utilizada — energia local, primária, total, operacional, etc. — e manter como prioridade a redução da demanda energética.

Construções net-zero são parte fundamental do futuro da construção civil, e compreender seu conceito em profundidade é o primeiro passo para aplicá-las de forma eficaz, viável e economicamente inteligente.

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