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O ciclo de vida da edificação: sustentabilidade em quatro etapas

19 de novembro

4 min. de leitura

O ciclo de vida da edificação: sustentabilidade em quatro etapas

A construção civil exerce um papel central nos desafios ambientais contemporâneos. O setor responde por cerca de 39% do impacto global, considerando tanto a fase de construção (11%) quanto a operação dos edifícios ao longo de sua vida útil (28%). Isso significa que cada decisão — desde o canteiro de obras até a gestão diária de um empreendimento — influencia diretamente o consumo de energia, as emissões de carbono e a geração de resíduos.

Por outro lado, essa mesma relevância traduz-se em um potencial imenso de transformação. Ao adotar práticas mais eficientes e inovadoras, a construção pode não apenas reduzir impactos, mas também impulsionar cidades mais resilientes, empresas mais competitivas e uma melhor qualidade de vida para a sociedade.

Uma das formas mais claras de entender esses impactos e agir sobre eles é observar o ciclo de vida da edificação, dividido em quatro grandes etapas:

  • Planejamento e projeto
  • Construção/obra
  • Operação e manutenção
  • Desativação/reforma

Cada fase guarda desafios específicos, mas também soluções acessíveis que reduzem custos e ampliam o valor do ativo ao longo do tempo.

1. Planejamento e projeto: onde tudo começa

É na prancheta (ou na tela do arquiteto) que surgem as maiores oportunidades de sustentabilidade. Segundo Bruno Schnellrath, Head de Negócios da Sustentech, o investimento inicial é praticamente zero: basta tomar decisões estratégicas de projeto.

  • Arquitetura bioclimática: análise de insolação, ventilação natural, orientação solar e implantação. Uma escolha correta da fachada pode reduzir drasticamente a carga térmica e os custos com climatização por décadas.
  • Redução de cargas térmicas: isolamento adequado, fachadas ventiladas, brises e sombreamento. Medidas permanentes, sem necessidade de substituição.
  • Sistemas e tecnologias eficientes: ar-condicionado com alto COP, iluminação eficiente, automação predial e sensores.
  • Materiais de baixo impacto: reciclados, recicláveis, certificados e de fornecedores locais, fortalecendo a economia regional e reduzindo emissões logísticas.

Essas escolhas, feitas no papel, geram benefícios durante 50, 60 ou até 100 anos de vida útil da edificação.

2. Construção/obra: eficiência no canteiro

A obra é o momento em que planejamento se transforma em realidade. É também onde surgem grandes volumes de resíduos, consumo de recursos e riscos de acidentes.

Boas práticas incluem:

  • Gestão de resíduos (PGRCC): separação, redução e reaproveitamento de resíduos de construção e demolição.
  • Uso racional da água: reaproveitamento e otimização de processos.
  • Logística eficiente: priorizar fornecedores locais reduz custos, tempo e impacto ambiental.
  • Segurança e saúde: um canteiro sustentável é também mais seguro, com menos riscos de acidentes, multas e interrupções.

Certificações ambientais funcionam como guias para garantir que essas medidas sejam integradas à rotina da obra.

3. Operação e manutenção: a fase mais longa

A operação concentra a maior parte do custo de um edifício ao longo da vida útil. Portanto, a eficiência nesta fase é determinante para a sustentabilidade e a economia financeira.

Soluções-chave:

  • Automação e sistemas de gerenciamento predial (BMS): controle em tempo real de iluminação, climatização e consumo de energia.
  • Gêmeos digitais: modelos computacionais calibrados com dados reais que simulam cenários e orientam decisões.
  • Eficiência energética: equipamentos de alto desempenho com selo Procel A, sistemas fotovoltaicos (usados de forma responsável) e iluminação eficiente.
  • Eficiência hídrica: medição individualizada, reuso de águas cinzas e dispositivos economizadores.
  • Educação do ocupante: pequenos ajustes de comportamento podem gerar até 5% de economia de energia.

Importante: painéis fotovoltaicos não são sinônimo automático de sustentabilidade. O foco deve estar primeiro em reduzir o consumo e só depois atender à demanda remanescente com energias renováveis.

4. Desativação ou reforma: o novo começo

O fim de uso de uma edificação, seja por demolição, reforma ou retrofit, é um dos momentos mais desafiadores do ciclo de vida de um prédio. Mas também representa uma grande oportunidade para aplicar conceitos de economia circular.

Estratégias possíveis:

  • Segunda vida aos materiais: reaproveitamento de componentes em novas obras.
  • Planejamento para o ciclo completo: projetar considerando o fim de vida útil, facilitando reformas e desconstruções futuras.
  • Design para desmontagem: soluções modulares que permitem separar componentes com facilidade.
  • Materiais com potencial de reuso: insumos recicláveis desde a concepção.
  • Gestão responsável de resíduos perigosos: tintas, colas e elementos químicos tratados de forma adequada.

Mudanças recentes, como a migração de escritórios para o modelo virtual durante a pandemia, mostram que planejar para o futuro é essencial. Pensar em adaptações ou desconstruções nos próximos 30 ou 60 anos é uma estratégia inteligente e sustentável.

Sustentabilidade é investimento

Da concepção ao fim de uso, cada decisão em uma edificação influencia não apenas o meio ambiente, mas também os custos dos investidores, a saúde dos ocupantes e a qualidade urbana.

Como reforça a Sustentech, sustentabilidade não é custo, é investimento. Edificações planejadas, executadas e geridas de forma responsável tornam-se mais eficientes, reduzem riscos regulatórios, aumentam seu valor de mercado e geram benefícios sociais e ambientais duradouros.

A verdadeira transformação do setor da construção civil exige enxergar a edificação em sua totalidade e atuar em cada etapa com visão de longo prazo e compromisso com o futuro.

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